Manter-se na ativa rende mais que a previdência: “baby boomers”, geração de quem tem mais de 50 anos, estão começando negócios e adiando a aposentadoria. Por Frank Miller | Da Reuters.

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Chris Farrell tem uma dica quente de investimento em aposentadoria para você, mas não se trata de uma ação ou um bônus. Farrell quer que você aplique em si mesmo. Em seu novo livro, “Unretirement” (Editora Bloomsburry), ele afirma que o desenvolvimento de habilidades que possam ajudar você a ter uma renda depois da idade tradicional de aposentadoria oferece um retorno melhor sobre o investimento do que qualquer instrumento financeiro – e isso pode ajudar a transformar a economia americana, no momento em que ela continua se recuperando da Grande Recessão.

Farrell é colaborador sênior da área de economia na rádio pública ” Marketplace “, e editor-colaborador da ” Bloomberg BusinessWeek “, além de colunista do jornal ” The Minneapolis Star Tribune “. Em uma entrevista recente, pedi a ele para descrever sua visão de “não aposentadoria”.

Como o senhor define “não aposentadoria”?

Chris Farrell: “Não aposentadoria” diz respeito ao impacto financeiro de se trabalhar mais. Se você pode continuar trabalhando com bem mais de 60 anos mesmo ganhando uma renda menor com um trabalho de meio período, você conseguirá mais no período de um ano do que ganharia com a previdência. Isso muda o quadro final – e não só a renda. Você não precisa usar seu pé-de-meia durante esses anos e poderá aumentá-lo. E você também poderá esperar de maneira realista para reivindicar a Previdência Social quando tiver entre 66 e 70 anos, dependendo de sua saúde e das circunstâncias pessoais.

Quais as ferramentas e estratégias essenciais para as pessoas que tentam descobrir como não se aposentar? Por onde devem começar?

Farrell: A coisa mais importante é começar perguntando a si mesmo o que você gostaria de fazer – que tipo de trabalho. Faça consultas informais com as pessoas. O verdadeiro ativo que os trabalhadores mais velhos têm são suas redes de contatos – as pessoas que eles vão conhecendo ao longo dos anos. Converse com essas pessoas para saber se você precisa desenvolver novas habilidades. Não romanceie nenhuma ideia em particular, pesquise. Pense como você poderá aproveitar as habilidades que tem hoje e mudar para um setor diferente da economia com elas.

Um dos maiores obstáculos que os trabalhadores mais velhos enfrentam é o fator idade. Os empregadores estão se adaptando para ajudar as pessoas mais idosas a trabalharem por mais tempo?

Farrell: A única evidência que tenho visto disso está nas companhias que enfrentam mercados de trabalho muito apertados – geralmente as empresas de tecnologia. Isto também vale para a profissão de enfermagem. Para o resto da economia, tenho estado em muitas conferências voltadas para os trabalhadores mais velhos, em que os empregadores mostram que se importam com a perda de trabalhadores mais experientes. Eles são sinceros, mas quando voltam para o escritório realmente não têm motivação para fazer qualquer coisa a respeito porque o mercado de trabalho não é vigoroso o suficiente.

Se este é o caso, como a não aposentadoria conseguirá se firmar como tendência?

Farrell: A economia está melhorando e os mercados de trabalho estão se fortalecendo. Mas isso também será motivado por mudanças de base. Muitos “baby boomers”, geração nascida entre 1946 e 1964, com conhecimentos de ponta estão negociando seus próprios acordos, começando empresas ou partindo para o autoemprego com uma série de empregos de meio período. É algo muito do tipo faça você mesmo. Além disso, as atitudes estão mudando – haverá uma pressão enorme da sociedade à medida que as pessoas forem partindo para isso. Elas vão dizer: “Temos boa educação e estamos mais saudáveis hoje do que antes, e os números não mostram que devemos nos aposentar e mudar para a Flórida ou o Arizona – que é um coisa que na verdade não queremos fazer”.

Uma grande discussão está ocorrendo sobre estarmos ou não a caminho de uma crise na previdência social. Qual é a sua opinião?

Farrell: Não acredito que haverá uma crise na previdência se continuarmos trabalhando por mais tempo. Mas vamos querer fazer isso com empregos que façam sentido, e não aqueles que tornam as pessoas tão miseráveis a ponto de elas terem de continuar trabalhando. Uma coisa que me deixa irritado é que temos uma combinação de estresses financeiros que se abatem sobre a classe média, e finge-se que a classe média ficará na pobreza na aposentadoria, e isso não é verdade. Há um grupo realmente vulnerável – eles trabalharam a vida toda para empresas que não proporcionam benefícios de aposentadoria ou seguro saúde. Este é de fato o grupo vulnerável. Acredito que dois terços de nossa sociedade ficarão bem, mas para esse outro grupo, não se trata de investir em um plano 401(k), uma vez que as pessoas simplesmente não têm dinheiro. Para elas, a Previdência Social será o único plano de aposentadoria.

Isso sugere que teremos que reforçar a Previdência Social, pelo menos para os aposentados de rendas mais baixas?

Farrell: Definitivamente. Se uma maioria de nós é saudável e vai continuar trabalhando e, desse modo, pagando a Previdência Social, nos tornaremos uma sociedade mais rica – e poderemos ser mais generosos com a Previdência Social. (Tradução de Mario Zamarian)

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